Resumo do trabalho sobre risco geomorfológico e ocupação antrópica
Cheia no douro de 1909, a madrugada em que o Porto acorda com água pelas pestanas
Os escritos dão-nos conta das cheias do Douro de 1256, que atingiram as povoações espanholas de Salamanca, Valladolid e Zamora, os testemunhos orais deixaram ficar na memória as de 1526, que arrastaram pela corrente Vila Nova de Gaia e Peso da Régua, finalmente é pelos jornais que se sabe que foi na madrugada de 1909 que a cidade do Porto acordou com água pelas pestanas.Afinal as aparências iludem e iludem mesmo, que o digam as águas do Douro, sempre tão serenas e quietas, mas que de vez em quando acordam revoltadas, engolindo casas e árvores e arrastando tudo o que lhes aparecer pela frente. Por isso, porque a cheias mexem com a vida das pessoas, há estudos bem detalhados sobre algumas cheias históricas, em virtude do seu impacte, com destaque para a de 1909. Relativamente à cheia de 1526 há algumas referências que permitem considerar aceitáveis os registos existentes. Sabe-se que essa cheia, embora grande, foi inferior à de 1909, ao longo de todo o curso português do Douro.As cheias de 1909 foram também as mais faladas por terem acontecido em vésperas de Natal, época em que se presa muito o estar em casa na companhia da família. Porém, nesse ano negro para as gentes do Porto e arredores, nem houve tempo para pensar no natal, os esforços eram todos para tirar água barrenta das ruas, para encontrar os carregadores de carvão, cujas barcaças se perdiam nas águas altas do Douro... Era o pânico instalado nos comerciantes, nos bacalhoeiros e nos habitantes da zona ribeirinha da cidade, que, no mínimo, andavam de calças arregaçadas e de água pelos joelhos.O Natal de 1909 foi para esquecer, houve gente que enlouqueceu por ter ficado na miséria e quem não encontrou mais remédio do que suicidar-se.
Mar avança e destrói paredão na Costa da Caparica
Durante a madrugada, o mar avançou e destruiu as obras de reposição de pedra, que estão a ser realizadas há algum tempo pelo Instituto da Água, perto do parque de campismo da Costa da Caparica. O Instituto da Água continua, agora, as obras no paredão com pedra maior vinda do exterior, por considerar que o material disponível no local não será suficiente para prevenir marés vivas.
A força do mar galgou o paredão e coloca agora em risco os parques de campismo do Inatel e o Clube de Campismo de Lisboa. As obras continuam, apesar das dificuldades que as máquinas estão a sentir, para aceder às zonas mais críticas, visto que a derrocada de pedras voltou a tapar o caminho que tinha sido criado. Na passada quarta-feira, um dia após as obras terem começado, o presidente do INAG, Orlando Borges garantia que a reposição de pedra, que estava a ser feita, era a mais adequada e que, inclusivamente, «o paredão está mais sólido agora do que antes da sua primeira destruição».·
Segundo o Instituto de Meteorologia, aguardam-se ondas fortes, na ordem dos 4 metros, o que faz com que se antevejam novos problemas de erosão costeira, na Costa de Caparica.
Segundo o Instituto de Meteorologia, aguardam-se ondas fortes, na ordem dos 4 metros, o que faz com que se antevejam novos problemas de erosão costeira, na Costa de Caparica.
Alto Douro
A paisagem cultural do Alto Douro Vinhateiro, caracterizada pelas suas vertentes acentuadas, pela dureza do xisto e pela escassez da água durante os meses secos é a expressão de uma relação singular com os elementos naturais.
Segundo o projecto de candidatura apresentado à UNESCO, o seu carácter é determinado por uma sábia gestão da escassez de solo e água e pelo elevado declive do terreno.
Neste projecto pretendeu-se, essencialmente, compreender a relação existente entre as técnicas de armação da vinha utilizadas na Região Demarcada do Douro (RDD) e os processos de erosão hídrica dos solos. As técnicas de armação da vinha em vertentes que foram introduzidas nos últimos trinta anos procuraram, por um lado, responder às condições naturais desta região, como por exemplo os fortes declives das vertentes, as características litológicas e os problemas de erosão e, por outro lado, às necessidades do homem, quer de ordem económica, quer com vista à modernização técnica, no sentido de melhorar as condições de trabalho e de rentabilizar os investimentos realizados.
Adaptaram-se e desenvolveram-se dois novos sistemas de implantação de vinha: terraços com taludes de terra (Vinha em Patamares) e a denominada Vinha “ao alto”, igualmente sem paredes.Embora uma observação mais atenta tenha já demonstrado que em declives mais acentuados, ambos funcionam mal, aumentando o risco de erosão hídrica, ravinamentos e de movimentos em massa, experiências de campo realizadas com o intuito de quantificar a erosão nos diferentes sistemas de armação que coexistem actualmente em toda a RDD, permitiram-nos concluir que as vinhas em patamares, por não se encontrarem protegidas, nem por cobertura vegetal nem por uma boa cobertura pedregosa, ficam mais vulneráveis ao impacto da precipitação, apresentando valores de erosão hídrica 51,9 vezes superiores à das vinhas tradicionais. Além disso, a vinha em patamares é também aquela em se observaram mais ravinamentos.Perante a manutenção da tradição e os novos desafios da modernidade, a Região Demarcada do Douro tem de encontrar um rumo. É o futuro da mais singular de todas as paisagens humanizadas de Portugal que está em risco.
“O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. (…) Um poema geológico. A beleza absoluta».
"Todas as vertentes rochosas do Alto Douro Vinhateiro e as partes terminais dos afluentes do rio Douro são potencialmente perigosas", referiu, ao JN, José Gomes dos Santos
A paisagem cultural do Alto Douro Vinhateiro, caracterizada pelas suas vertentes acentuadas, pela dureza do xisto e pela escassez da água durante os meses secos é a expressão de uma relação singular com os elementos naturais.
Segundo o projecto de candidatura apresentado à UNESCO, o seu carácter é determinado por uma sábia gestão da escassez de solo e água e pelo elevado declive do terreno.
Neste projecto pretendeu-se, essencialmente, compreender a relação existente entre as técnicas de armação da vinha utilizadas na Região Demarcada do Douro (RDD) e os processos de erosão hídrica dos solos. As técnicas de armação da vinha em vertentes que foram introduzidas nos últimos trinta anos procuraram, por um lado, responder às condições naturais desta região, como por exemplo os fortes declives das vertentes, as características litológicas e os problemas de erosão e, por outro lado, às necessidades do homem, quer de ordem económica, quer com vista à modernização técnica, no sentido de melhorar as condições de trabalho e de rentabilizar os investimentos realizados.
Adaptaram-se e desenvolveram-se dois novos sistemas de implantação de vinha: terraços com taludes de terra (Vinha em Patamares) e a denominada Vinha “ao alto”, igualmente sem paredes.Embora uma observação mais atenta tenha já demonstrado que em declives mais acentuados, ambos funcionam mal, aumentando o risco de erosão hídrica, ravinamentos e de movimentos em massa, experiências de campo realizadas com o intuito de quantificar a erosão nos diferentes sistemas de armação que coexistem actualmente em toda a RDD, permitiram-nos concluir que as vinhas em patamares, por não se encontrarem protegidas, nem por cobertura vegetal nem por uma boa cobertura pedregosa, ficam mais vulneráveis ao impacto da precipitação, apresentando valores de erosão hídrica 51,9 vezes superiores à das vinhas tradicionais. Além disso, a vinha em patamares é também aquela em se observaram mais ravinamentos.Perante a manutenção da tradição e os novos desafios da modernidade, a Região Demarcada do Douro tem de encontrar um rumo. É o futuro da mais singular de todas as paisagens humanizadas de Portugal que está em risco.
“O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. (…) Um poema geológico. A beleza absoluta».
"Todas as vertentes rochosas do Alto Douro Vinhateiro e as partes terminais dos afluentes do rio Douro são potencialmente perigosas", referiu, ao JN, José Gomes dos Santos
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